"O EFEITO LULA"
Pavimentando um projeto político-progressista nas Américas
Tenho acompanhado de perto, por designação de nossa Federação, os desdobramentos da política externa do Brasil e hoje quero falar um pouco do “EFEITO LULA” aqui em nossa América que, de fato, reinicia uma nova ordem e o povo já começa a reverberar isso.
O governo brasileiro anunciou, na sexta-feira (7/04), o retorno do Brasil à União de Nações Sul-Americanas (UNASUL).
A medida foi tomada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva que assinou um decreto promulgando o tratado de constituição do grupo, criado em 2008.
Na prática, Lula reverteu uma decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, que em 2019, retirou o Brasil, oficialmente, da UNASUL.
Essa decisão é reflexo da nova política externa do país sob o governo Lula.
A UNASUL, em sua concepção original, teria um papel importante na integração político-econômica das Américas, até o início de seu desmonte pelos governos neoliberais que ascenderam ao poder em alguns países, uma “onda” nefasta, pequena, mas que em hipótese alguma podemos menosprezar.
Esse bloco, surge com o objetivo de pavimentar um projeto político progressista nas Américas e sucumbiu à estratégia da direita que se infiltrou e quase extirpou o projeto. Com a assunção novamente de Lula ao poder já percebo uma reviravolta exponencial. O simples fato de anunciar o retorno do Brasil ao bloco, já afetou a estabilidade da região e os países – acreditando no potencial político de Lula – já começam a criar mecanismos que aumentem a integração econômica, financeira, política e social dos países-membros. Na prática, o “EFEITO LULA” já está mais adiantado do que os 100 dias de governo, o que demonstra a força e solidez do que prega a nova esquerda.
Nos últimos anos, diversos países suspenderam suas participações na Unasul ou deixaram a instituição.
Até o anúncio do retorno do Brasil, a UNASUL contava com apenas cinco dos 12 integrantes originais: Bolívia, Guiana, Suriname, Venezuela e Peru, que está suspenso.
À época em que foi criado, parte significativa dos países que compunham o órgão era comandada por políticos de esquerda ou centro-esquerda como Lula (Brasil), Michelle Bachellet (Chile), Hugo Chávez (Venezuela), Cristina Kirchner (Argentina), Evo Morales (Bolívia) e Rafael Correa (Equador).
Estes líderes de centro-esquerda foram substituídos por políticos de direita ou centro-direita. Foi o caso, por exemplo, de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro, no Brasil, Maurício Macri, na Argentina e Sebastian Piñera, no Chile, em 2018.
Em 2019, foi a vez do Equador se retirar do grupo. A situação ficou ainda mais sensível depois que o então presidente do país, Lenín Moreno, pediu a devolução do prédio onde funcionava a sede da UNASUL e anunciou que não faria mais nenhuma contribuição financeira à instituição.
Moreno era um político de centro-esquerda, mas era adversário político de seu antecessor, Rafael Correa, um dos fundadores da UNASUL.
A saída oficial do Brasil da UNASUL aconteceu em 2019, durante o governo do então presidente Jair Bolsonaro. Ele retirou o país do grupo e endossou a adesão do Brasil a um outro organismo, o Fórum para o Progresso da América do Sul (PROSUL), uma armadilha neoliberal rançosa.
Estive recentemente no Congresso Argentino e fui no mês passado acompanhar as eleições presidenciais no Paraguay e, a expectativa nos meios diplomáticos agora (tanto da esquerda, quanto da direita), é de que a eleição de novas lideranças alinhadas à centro-esquerda em países como o Brasil, Colômbia (com Gustavo Petro) e Chile (com Gabriel Boric) possa dar um novo impulso a iniciativas como a UNASUL.
O Paraguay elegeu presidente retrógrado, membro do Partido Colorado que governa o país há 76 anos e ainda em campanha já atacava esse avanço do Brasil.
Antes do Brasil anunciar o seu retorno, a Argentina, que aguarda sua eleição presidencial, no final de março deste ano, já havia anunciado que tomaria providências para regressar ao grupo.
Desta feita podemos facilmente concluir que o “EFEITO LULA” acalenta os países com tendências mais modernas e apavora os conservadores. De toda forma o “EFEITO LULA” era o que precisávamos para retomar uma economia pujante e uma política social forte nas Américas,
Como tudo na política demanda tempo, havemos de esperar, mas, os indícios são deveras promissores.